Querido amigo Nemo,
quero que saibas de algumas coisas e por isso resolvi escrever esta carta.
Quero que saibas que compartilho da mesma vontade que você, talvez por motivos diferentes, mas bem semelhantes aos seus e você sabe muito bem.
O desejo de poder deixar o passado realmente para trás - fisicamente falando -, poder gritar 'eu sou livre, eu sou o que quero' e se sentir dessa forma a qualquer hora do dia, com qualquer pessoa. Poder acordar e dar um 'bom dia' sincero a pessoa que divide o teto com você, conversar sobre assuntos diversos no café da manhã, de espiritualidade a política, sem perder o bom humor matinal, sem cobranças, sem estresse.
Aos domingos, enxer a casa com a família para um almoço caseiro e depois assistir TV.
E com família você sabe que, obviamente, não me refiro aos seres que temos laços de sangue, e sim aqueles que escolhemos para tal ligação, aqueles que nos acompanham independente da direção ou sentido, que nos apoiam, que nos guardam e aconselham.
E com 'assistir TV' quero dizer algo decente, algum documentário sobre metafísica ou Prayers for Bobby, The Matthew Shepard Story e quem sabe um box de Queer as Folk, bom, você escolherá.
Quero que saiba que compreendo sua dor, sinto suas lágrimas correrem.
Peço que espere dois anos, apenas dois.
Pode parecer muito, mas farei de tudo para que passem o mais rápido possível para nós dois, serei mais presente.
Quando tal dia chegar não mais te chamarei de amigo, caro Nemo.
Me chamarão de exagerada.
Te chamarei de irmão. Pois fodam-se todos. Eu te amo.
- Tatiana Cruz.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
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2 comentários:
Pow... chorei. Sem brinks.
Hoje de manhã eu reli o post dele, o "pois foda-se" e comecei a escrever instintivamente, escrevi essa carta em uns 30 minutos e chorei. chorei muito. chorei pelos motivos mais claros, chorei porque a dor pareceu "pesar" em meus ombros, senti que eu tinha deixado a distancia entre eu e Nemo crescer de uma forma PERIGOSAMENTE RUIM. não vou mais deixar essa merda acontecer, deixar essa merda NOS dominar.
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